top of page
De Colombo a Columbo: Génese da Música Popular dos Séculos XX e XXI

 

A partir de Stetembro 2014

Professor/Formador:

Ricardo Saló

 

Informação sobre o formador:

http://embuscadoacordeperdido.blogspot.pt

 

Horário do Curso:

4ªs feiras (sujeito a confirmação)

18h - 21h com intervalo

(10 sessões)

 

Data de começo:

A partir de setembro, assim que for atingido o mínimo de inscrições. A data será comunicada aos inscritos com pelo menos 15 dias de antecedência.

 

Idades:

A partir dos 15 anos

 

Números Mínimo e Máximo de alunos (se aplicável):

Mínimo 15; Máximo 25

 

Equipamentos e materiais necessários:

Serão indicados atempadamente pelo formador se for o caso

 

Custo da inscrição individual:

100 € + IVA

 

Contacto para inscrições e esclarecimentos:

mailme@brancoeditores.com

 

 

 

Outras informações:

 

 

 

Levaria a sério se alguém lhe dissesse que o mais baixo da condição humana -qual singular ‘efeito borboleta’- havia de dar origem a uma nobilíssima e refinada manifestação espiritual de representantes mais tardios da mesma espécie?

 

Ou -na mesma linha de pensamento- que dificilmente teria havido blues (bem como ‘canções de trabalho’) sem a dureza infligida sobre os princípios básicos da natureza humana que regia o trabalho do assalariado negro?

 

Só esta ideia - e, em particular, a mobilidade da mão-de-obra - já lhe sugere por que razão a guitarra do ‘bluesman’ personificava a mulher ausente e que reflexo existencialista fez brilhar, na noite de São Francisco, “The Dock Of The Bay”, de Otis Redding? Óptimo.

 

E sabia que o primeiro género genuíno de música americana nasceu quando um negro procurava, na calada da noite, reproduzir numa pianola os sons de banjo que os brancos lhe faziam chegar aos ouvidos durante o dia?

 

Ou que o fim de uma guerra possa ter estado na origem do jazz de Nova Orleães?

 

Ou que não será tão absurdo como parece que o grande êxito da Grande Depressão de 1929 tenha sido uma canção chamada “Life Is Just A Bowl Of  Cherries”?

 

E gostaria de saber como uma linguagem tão marcante como o swing teve a mesma sorte -em menos tempo- que os dinossauros?

 

Ou que não há contrariedade que detenha o engenho humano, pelo que esse fim também marcou o começo do processo que conduziria ao advento do rock’n’roll?

 

Sabe, decerto, porque viajavam Booker T. & The M.G.’s separados no autocarro para casa (os dois brancos à frente e os dois negros atrás) depois de um dia de trabalho conjunto em estúdio. Mas faz uma ideia do motivo que explica que o ‘grande caldeirão’ musical e, nessa medida, o berço da música norte-americana dos nossos dias tenha sido a Luisiana, e não o Arkansas, a Virginia ou Washington?

 

E há, ainda, a ‘verdade dos factos’ e a ‘verdade de facto’: estaria errado quem admitiu, certo dia, a sua convicção de que os Beatles eram ingleses e os Rolling Stones americanos?

 

Vamos procurar saber tudo isto, e muito mais, e, assim, tentar decobrir em conjunto de onde vem a música que se ouve de cada vez que se liga o rádio. Quem se portar bem ficará, ainda, a conhecer o significado original da emblemática palavra ‘mojo’...

 

E, no entanto, sem abdicar da ideia central de que venha a haver mais motivos para rir que para chorar, ninguém deverá partir para este workshop sem a noção básica de que foram necessários séculos de sangue, suor e lágrimas para se conseguir o mesmo resultado que, hoje, se obtém mediante um clique de rato de computador.

 

Ricardo Saló

 

 

Programa (Resumo)

 

  • Ideia Central: dinâmica de transformação.

  • A Cultura no Mundo antes dos Descobrimentos. Culturas fechadas sobre si próprias. As marcas da presença árabe na Península Ibérica como primeiro sinal dos efeitos do contacto de civilizações ao nível da expressão cultural. A Europa da música erudita (música de corte e de igreja) e popular (música satírica e cantigas de mal-dizer) e o (relativo) vazio americano. A Descoberta Oficial da América e a Expansão Colonial Europeia. O Domínio de África e o Transporte de Escravos para as Américas. O Fluxo Migratório Europeu para a Terra Prometida na viragem do séc.XIX para o séc.XX. A Política Imperial Europeia de Partilha de África.

  • Sentido dos fluxos coloniais e imperiais para a América e África por nações de origem e lugares de destino. O processo de mestiçagem e as expressões musicais daí resultantes.

  • A noção de tempo como elemento fundamental para a compreensão dos diferentes ritmos do processo de transformação ao longo da história. O papel determinante do advento dos meios de massificação da cultura na aceleração vertiginosa das mudanças no século XX.

  • A América do Norte como lugar onde tudo irá acontecer.

  • Primeira Grande Linha Estruturadora do Pensamento Estético Contemporâneo: a Manipulação do Som em Estúdio.

 

Nota 1: no final de cada aula, os alunos levarão consigo uma relação esmiuçada dos factos apenas aflorados durante as duas horas, se bem que acompanhados -sempre que possível- de apropriado exemplo musical de finalidade ilustrativa.

 

Nota 2: de acordo com o tempo que restar, está previsto o aproveitamento da parte final de cada aula para o lançamento de reptos de sentido lúdico e propósito especulativo sobre qualquer tema versado durante a sessão. Aliás, também será distribuída pelos presentes uma série de documentos, nos quais a cadeia de factos em análise surgirá devidamente esmiuçada ao pormenor -sendo, de resto, bem-vinda qualquer questão suscitada pela sua leitura. De igual modo, e com o intuito de sublinhar a relação entre as peças do passado evocado na aula e a realidade que nos rodeia, será -de novo, sempre que possível- promovido um exercício que não terá como intuito a identificação de canções e/ou intérpretes mas a saudável troca de pontos de vista sobre um conjunto de músicas ou de uma ideia-forte. Exemplos: que estranha semelhança é essa que existe entre a música tradicional da Tanzânia e a estética pós-clássica e cosmopolita de Philip Glass?; que distingue “Satisfaction”, dos Rolling Stones, nas versões dos seus autores, de Otis Redding e dos Devo? Ou “Bridge Over Troubled Water”, nas leituras de Simon & Garfunkel e de Aretha Franklin? Trata-se de um facto ou de um mito a ideia de que a música nascida da criação pluricultural da América é obra do povo negro, da qual a população branca, de forma sistemática, se apoderou, à luz de outro contexto e de outro significado e animada de intuitos de rentabilização? Importa sublinhar que -nos primeiros casos- não se trata de manifestar a predilecção de cada aluno mas de saber de que modo identifica ele os factores decisivos para a coexistência de diferentes realidades a partir do mesmo facto estético; tal como -no derradeiro exemplo- a apresentação de ‘provas materiais’ e a exposição de episódios que possam contribuir (ou não) para a destruição de uma ‘ideia feita’ se revestirá de maior interesse que a opinião do aluno sobre o tema em causa.

 

O Professor/Formador: Ricardo Saló

 

-Licenciatura em Economia (Desenvolvimento Económico), pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), em 1977;

- Rádio desde 1970. Actividade, com uma ou outra intermitência, de apresentação e realização de programas na Rádio Universidade, Rádio Renascença (onde foi, também, noticiarista), RDP-Antena 1, Rádio Universidade Tejo (RUT), RDP-Antenas 1 e 2, XFM, TSF, Voxx e RDP-Antena 2;

-Locução ('voz-off') na RTP, de 1982 a 1991;

-Crítica de música, ensaios, reportagens e entrevistas na imprensa escrita desde 1980: Musicalíssimo, Blitz e Expresso (1987-2013);

-Autor da Compilação "Sta Apolónia Soul Station" (edição Música Alternativa, 2002);

-Autor de ensaios na revista Egoísta (2004);

-Formador do curso de Jornalismo e Escrita Musical, na ETIC, em 2005:

-Actividade episódica de 'disc-jockey' em alguns bares de Lisboa (anos 80) e no bar Left (2005-2006);

-Consultor de Música Não-Erudita no programa Câmara Clara, da RTP2, de 2006 a 2011;

-Realizador de A Fuga da Arte, programa semanal da RDP-Antena 2, desde 1/1/2006.

bottom of page